sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Tipos de cicatrização de feridas

Existem três formas pelas quais uma ferida
pode cicatrizar, que dependem da quantidade de tecido
lesado ou danificado e da presença ou não de infecção:
primeira intenção, segunda intenção e terceira
intenção (fechamento primário retardado).

• Primeira intenção: é o tipo de cicatrização que ocorre
quando as bordas são apostas ou aproximadas, havendo
perda mínima de tecido, ausência de infecção
e mínimo edema. A formação de tecido de granulação
não é visível. Exemplo: ferimento suturado
cirurgicamente.




• Segunda intenção: neste tipo de cicatrização ocorre
perda excessiva de tecido com a presença ou não
de infecção. A aproximação primária das bordas
não é possível. As feridas são deixadas abertas e
se fecharão por meio de contração e epitelização.



• Terceira intenção: designa a aproximação das margens
da ferida (pele e subcutâneo) após o tratamento
aberto inicial. Isto ocorre principalmente quando
há presença de infecção na ferida, que deve ser
tratada primeiramente, para então ser suturada posteriormente

A perda tissular pode ter diversas causas:

Cisão ou corte, tanto cirúrgico como traumático; a diferença entre ambos é que cisão ou corte do cirurgião, por sua precisão, causa menos dano tissular.
Agentes físicos, químicos ou microbianos. Freqüentemente, o cirurgião enfrenta cicatrizes causadas por esses fatores, principalmente as provocadas pelas queimaduras. Estas, quando localizadas no rosto, mãos ou articulações, podem ser particularmente graves, devido a suas implicações no âmbito funcional e morfológico. As infecções também podem gerar cicatrizes significativas, devido a destruição das áreas afetadas; assim, poderemos encontrar perdas importantes, em uma maior ou menor extensão na região das extremidades (osteomioelite), das mãos (lepra), do nariz e tabique nasal (leishmaniose), etc.
Isquemia ou infarto tissular. Isquemia significa que o sangue não chega adequadamente a um tecido privando-o de oxigênio (anoxia) e nutrientes. Infarto é quando a isquemia ocorre subitamente. Tanto a isquemia, que persiste, como o infarto, ocasionam uma destruição ou perda do tecido normal - que é substituído por tecido cicatricial - e conseqüentemente, perda funcional. Este tipo de patologia é correspondente ao, cada vez mais freqüente, infarto de miocárdio, e no campo da plástica, às úlceras de pressão. Essas úlceras, resultantes da isquemia provocada pela pressão constante em alguma parte do corpo que, geralmente, está relacionada a eminências ósseas, como o coccex, cadeias, tendão, etc., são de difícil solução, já que, normalmente, se apresentam em doentes confinados á cama por um longo período, em coma terminal e tetraplégicos. A melhor solução, como sempre, é a prevenção. Geralmente, mover freqüentemente o corpo dos pacientes, fisioterapia passiva, colchão de água e higiene cuidadosa, são suficientes. Quando a úlcera já é um fato, pode ser necessário a realização de colgalho.
 

Processo de Cicatrização

O processo cicatricial compreende uma sequencia de eventos moleculares e celulares que interage para que ocorra a restauracao do tecido lesado. Desde o extravasamento de plasma, com a coagulacaoe agregacao plaquetaria ate a reepitelizacao e remodelagem do tecido lesado o organismo age tentandorestaurar a funcionalidade tecidual.
A cicatrização de feridas é processo complexo que envolve a organização de células, sinais químicos e matriz extracelular com o objetivo de reparar o tecido.
Por sua vez, o tratamento de feridas busca o fechamento rápido da lesão de forma a se obter cicatriz funcional e esteticamente satisfatória.
O processo de cicatrização tem sido convenientemente
dividido em três fases que se sobrepõem de
forma contínua e temporal: inflamatória, proliferativa
e de maturação.

1- Fase inflamatória
Após a ocorrência do ferimento, inicia-se o
extravasamento sanguíneo que preenche a área lesada
com plasma e elementos celulares, principalmente
plaquetas. A agregação plaquetária e a coagulação sanguínea
geram um tampão, rico em fibrina, que além
de restabelecer a hemostasia e formar uma barreira
contra a invasão de microrganismos, organiza matriz
provisória necessária para a migração celular. Essa
matriz servirá também, como reservatório de citocinas
e fatores de crescimento que serão liberados durante
as fases seguintes do processo cicatricial.

2- Fase proliferativa
A fase de proliferação compreende um período entre 5 e 20 dias, embora, na realidade, pode durar meses; caracteriza-se pelo aparecimento do tecido conectivo ou conjuntivo - cola ou cimento da ferida - composto principalmente por uma proteína que recebe o nome de colágeno. O colágeno é produzido pelas células fibroblastos, cuja estrutura lembra o entrelaçado de uma corda: finos cordões compostos de meadas que, vão se decompondo até chegar a um fio elementar, é a cadeia polipectídea. O colágeno proporciona resistência e tensão à ferida, retraindo-a e diminuindo sua superfície. Nesta etapa, também ocorre a epitezação, ou revestimento, da superfície da ferida, graças à migração, ou neoformação, de células do epitélio circundante.
3- Fase de maturação
A ultima fase, de amadurecimento ou remodelação, começa a partir do 21º dia e dura meses; assim, depois de 3 meses a ferida ainda não recobrou totalmente sua original resistência à tensão. O amadurecimento se torna evidente na mudança de cor que a cicatriz experimenta, passa do vermelho ao rosa e deste, ao branco nacarado.