domingo, 31 de outubro de 2010

Cirrose hepática e regeneração

Cirrose é o nome atribuído à patologia que pode afectar um órgão, transformando o tecido formado pelas suas células originais em tecido fibroso, por um processo habitualmente chamado fibrose ou esclerose. Geralmente o termo cirrose é utilizado para designar a cirrose no fígado
O tipo mais comum de cirrose, a cirrose hepática, afeta o fígado e surge devido ao processo crônico e progressivo de inflamações (hepatites), fibrose e por fim ocorre a formação de múltiplos nódulos, que caracterizam a cirrose. A cirrose é considerada uma doença terminal do fígado para onde convergem diversas doenças diferentes, levando a complicações decorrentes da destruição de suas células, da alteração da sua estrutura e do processo inflamatório crônico. A capacidade regenerativa do fígado é conhecida e até faz parte da mitologia grega. É possível retirar cirurgicamente mais de dois terços de um fígado normal e a porção restante tende a crescer até praticamente o tamanho normal, com um processo de multiplicação celular que se inicia logo nas primeiras 200 horas, através de mecanismo ainda não bem esclarecido (o mesmo acontece com o transplante hepático intervivos, em que o receptor recebe uma porção do fígado do doador e depois ambos crescem). No entanto, a cirrose é o resultado de um processo crônico de destruição e regeneração com formação de fibrose. Nessa fase da hepatopatia, a capacidade regenerativa do fígado é mínima.

Apesar da crença popular de que a cirrose hepática é uma doença de alcoólatras, todas as doenças que levam a inflamação crônica do fígado (hepatopatia crônica) podem desenvolver essa patologia:
 - Hepatite autoimune
- Lesão hepática induzida por drogas ou toxinas
- Lesão hepática induzida pelo álcool
- Hepatites virais B, C e D
- Doenças metabólicas
- Deficiência de alfa-1-antitripsina
-Doença de Wilson
-Hemocromatose
- Distúrbios vasculares
- Insuficiência cardíaca direita crônica
- Síndrome de Budd-Chiari
- Cirrose biliar
- Cirrose biliar primária
- Cirrose biliar secundária a obstrução crônica
- Colangite esclerosante primária
- Atresia biliar
- Insuficiência congênita de ductos intra-hepáticos (Síndrome de Alagille)
- Cirrose criptogênica (causa desconhecida)




Figado (esteatose hepática.)

Fígado( cirrose alcoolica)

REGENERAÇÃO CADÍACA POR CÉLULAS TRONCO

Um experimento pioneiro foi realizado em dezembro de 2001 por médicos do Pró-Cardíaco em convênio com a Universidade Federal do Rio de Janeiro e Instituto do Coração do Texas. Os médicos retiraram células-troco da medula óssea dos pacientes e reintroduziram em vários pontos deficientes do coração por meio de um catéter. O objetivo era testar a capacidade de as células-tronco - que podem se transformar em vários tipos de células especializadas - de restaurar artérias e recuperar o coração de seres humanos. Segundo os médicos, dos quatro pacientes, dois conseguiram recuperação de 100%, um teve melhora de 60% e apenas um deles não obteve resultado significativo. Com o sucesso dessa primeira etapa, os pesquisadores prentendem ampliar o estudo e testar o método em pacientes menos graves. A tese dos médicos é que a capacidade de regeneração deve ser maior em pacientes com grandes áreas do coração ainda vivas. "Essa é uma hipótese razoável que queremos testar no futuro", explicou Radovan Burojevic, francês de origem croata e há 30 anos radicado no Brasil, professor de histologia da UFRJ e responsável por várias pesquisas com células-tronco. Os cientistas garantem que é a primeira vez no mundo em que uma equipe comprova a eficácia de células-tronco adultas, capazes de originar outros órgãos do corpo, na reconstituição dos tecidos cardíacos. Pesquisas semelhantes estão em curso em Hong Kong e Washington, mas esta é a primeira vez que se constatou melhoria da função cardíaca em imagens feitas por um aparelho de mapeamento elétrico e mecânico do coração. A técnica é baseada no uso de células-tronco (células capazes de gerar quase todos os tipos de tecido) retiradas da medula óssea do próprio paciente. Uma punção de aproximadamente 40 mililitros de medula foi feita com anestesia local na área da bacia. A equipe da UFRJ, coordenada pelo professor Radovan Borojevic, selecionou as células-tronco encontradas no líquido, obtendo uma solução concentrada desse tipo de célula. Esse concentrado (aproximadamente três mililitros) foi injetado no coração dos pacientes por meio de um cateter introduzido a partir da artéria femoral, na virilha. O cateter tem um sensor na extremidade capaz de indicar as áreas sadias, mortas ou doentes (isquêmicas, onde a circulação é ruim) do coração, num tipo de procedimento que está sendo testado pela equipe do Texas Heart Institute, coordenada pelo médico brasileiro Emerson Perim. Num vídeo, os médicos acompanham as imagens do coração. Segundo Emerson Perim, do Texas Heart Institute, o equipamento utilizado para o implante e avaliação dos resultados oferece uma imagem tridimensional do coração e foi desenvolvido pela Johnson & Johnson. Com um custo de cerca de 200 mil dólares, o aparelho usado na experiência foi fornecido pela empresa. Outro parâmetro de avaliação utilizado pelos especialistas foi a cintilografia. Na experiência, os médicos optaram por injetar as células-tronco apenas nas áreas doentes. Eles deram, no mesmo procedimento, 15 injeções de 0,2 mililitros cada nas regiões onde a circulação era insuficiente. Exames posteriores mostraram que as células-tronco induziram a formação de novos vasos sangüíneos.
"Como as células-tronco são retiradas do próprio paciente, também não há risco de rejeição" lembrou Radovan Borojevic. O procedimento todo dura de três a quatro horas. Para a pesquisa, os médicos mantiveram os voluntários internados por 48 horas, mas acreditam que apenas 24 horas seriam suficientes. Os pesquisadores estimam que sejam necessários ainda mais dois anos de estudo para que a técnica esteja disponível no mercado. As células-tronco são células mais primitivas capazes de dar origem a qualquer tecido do organismo. Quanto mais primitiva a célula, maior sua capacidade de transformação. Essas células estão presentes no embrião em desenvolvimento, mas existem em número muito inferior em adultos - as células-tronco que não são de embriões têm capacidade de diferenciação limitada. As células-tronco da medula óssea são responsáveis pela produção das células do sangue. Todavia, recentemente descobriu-se que na medula óssea também há células-tronco primitivas o suficiente para originar toda uma gama de tecidos, como células do coração, do sangue, dos ossos, de cartilagem e de tecido conjuntivo. Esse grupo celular é o alvo da equipe de Borojevic, que tem obtido bons resultados em experiências com animais. A meta é obter cardiomiócitos, as células do coração.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Quelóide e Cicatriz Hipertrófica

São lesões fibroblásticas que podem apresentar diferenças mínimas
nos aspectos clínicos e histopatológicos, no entanto, representam
tipos bem distintos de crescimento tecidual exigindo terapêutica
diversas. Os fibroblastos produzem colágeno e a célula dá condições
para que este aumente o tecido em quantidade exagerada. A hipertrofia
que atua no processo da formação do quelóide é uma matéria que
não está contida a nível celular. Podemos então, definir quelóide
como uma distrofia celular que ocorre nas lesões cicatriciais em
algumas regiões do corpo, ou seja, é uma hiperplasia..
Cicatrizes hipertróficas iniciam- se com placas rosadas ou vermelhas,
de consistência firme e elástica, bem definidas que evoluem
para cicatrizes largas ou espessas, em tamanho maior do que esperado,
havendo uma relação correspondente entre a forma, local e
tamanho da ferida. Sua origem, não é uma transformação
celular, antes, o colágeno produzido pelo fibroblasto funciona
como uma espécie de 'cimento' e provoca a cicatrização exacerbada.
Essa cicatriz elevada pode semelhar- se a um quelóide, mas que não
se alastra para tecidos subjacentes. É formada pela ampliação e
supercrescimento de tecido cicatricial, no entanto, regride espontaneamente.
O quelóide é uma cicatriz hipertrófica agudamente elevada,
de formato irregular, que se amplia progressivamente, resultante da formação
de quantidades excessivas de colágeno na derme durante o
 reparo do tecido conectivo. O quelóide, diferentemente da cicatriz
hipertrófica, se alastra para tecidos subjacentes e não regride
espontaneamente. Magro et al6 definiram cicatriz
hipertrófica como um desordenamento das fibras de colágeno, e o
quelóde como uma produção exagerada de fibras de colágeno

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Tipos de cicatrização de feridas

Existem três formas pelas quais uma ferida
pode cicatrizar, que dependem da quantidade de tecido
lesado ou danificado e da presença ou não de infecção:
primeira intenção, segunda intenção e terceira
intenção (fechamento primário retardado).

• Primeira intenção: é o tipo de cicatrização que ocorre
quando as bordas são apostas ou aproximadas, havendo
perda mínima de tecido, ausência de infecção
e mínimo edema. A formação de tecido de granulação
não é visível. Exemplo: ferimento suturado
cirurgicamente.




• Segunda intenção: neste tipo de cicatrização ocorre
perda excessiva de tecido com a presença ou não
de infecção. A aproximação primária das bordas
não é possível. As feridas são deixadas abertas e
se fecharão por meio de contração e epitelização.



• Terceira intenção: designa a aproximação das margens
da ferida (pele e subcutâneo) após o tratamento
aberto inicial. Isto ocorre principalmente quando
há presença de infecção na ferida, que deve ser
tratada primeiramente, para então ser suturada posteriormente

A perda tissular pode ter diversas causas:

Cisão ou corte, tanto cirúrgico como traumático; a diferença entre ambos é que cisão ou corte do cirurgião, por sua precisão, causa menos dano tissular.
Agentes físicos, químicos ou microbianos. Freqüentemente, o cirurgião enfrenta cicatrizes causadas por esses fatores, principalmente as provocadas pelas queimaduras. Estas, quando localizadas no rosto, mãos ou articulações, podem ser particularmente graves, devido a suas implicações no âmbito funcional e morfológico. As infecções também podem gerar cicatrizes significativas, devido a destruição das áreas afetadas; assim, poderemos encontrar perdas importantes, em uma maior ou menor extensão na região das extremidades (osteomioelite), das mãos (lepra), do nariz e tabique nasal (leishmaniose), etc.
Isquemia ou infarto tissular. Isquemia significa que o sangue não chega adequadamente a um tecido privando-o de oxigênio (anoxia) e nutrientes. Infarto é quando a isquemia ocorre subitamente. Tanto a isquemia, que persiste, como o infarto, ocasionam uma destruição ou perda do tecido normal - que é substituído por tecido cicatricial - e conseqüentemente, perda funcional. Este tipo de patologia é correspondente ao, cada vez mais freqüente, infarto de miocárdio, e no campo da plástica, às úlceras de pressão. Essas úlceras, resultantes da isquemia provocada pela pressão constante em alguma parte do corpo que, geralmente, está relacionada a eminências ósseas, como o coccex, cadeias, tendão, etc., são de difícil solução, já que, normalmente, se apresentam em doentes confinados á cama por um longo período, em coma terminal e tetraplégicos. A melhor solução, como sempre, é a prevenção. Geralmente, mover freqüentemente o corpo dos pacientes, fisioterapia passiva, colchão de água e higiene cuidadosa, são suficientes. Quando a úlcera já é um fato, pode ser necessário a realização de colgalho.
 

Processo de Cicatrização

O processo cicatricial compreende uma sequencia de eventos moleculares e celulares que interage para que ocorra a restauracao do tecido lesado. Desde o extravasamento de plasma, com a coagulacaoe agregacao plaquetaria ate a reepitelizacao e remodelagem do tecido lesado o organismo age tentandorestaurar a funcionalidade tecidual.
A cicatrização de feridas é processo complexo que envolve a organização de células, sinais químicos e matriz extracelular com o objetivo de reparar o tecido.
Por sua vez, o tratamento de feridas busca o fechamento rápido da lesão de forma a se obter cicatriz funcional e esteticamente satisfatória.
O processo de cicatrização tem sido convenientemente
dividido em três fases que se sobrepõem de
forma contínua e temporal: inflamatória, proliferativa
e de maturação.

1- Fase inflamatória
Após a ocorrência do ferimento, inicia-se o
extravasamento sanguíneo que preenche a área lesada
com plasma e elementos celulares, principalmente
plaquetas. A agregação plaquetária e a coagulação sanguínea
geram um tampão, rico em fibrina, que além
de restabelecer a hemostasia e formar uma barreira
contra a invasão de microrganismos, organiza matriz
provisória necessária para a migração celular. Essa
matriz servirá também, como reservatório de citocinas
e fatores de crescimento que serão liberados durante
as fases seguintes do processo cicatricial.

2- Fase proliferativa
A fase de proliferação compreende um período entre 5 e 20 dias, embora, na realidade, pode durar meses; caracteriza-se pelo aparecimento do tecido conectivo ou conjuntivo - cola ou cimento da ferida - composto principalmente por uma proteína que recebe o nome de colágeno. O colágeno é produzido pelas células fibroblastos, cuja estrutura lembra o entrelaçado de uma corda: finos cordões compostos de meadas que, vão se decompondo até chegar a um fio elementar, é a cadeia polipectídea. O colágeno proporciona resistência e tensão à ferida, retraindo-a e diminuindo sua superfície. Nesta etapa, também ocorre a epitezação, ou revestimento, da superfície da ferida, graças à migração, ou neoformação, de células do epitélio circundante.
3- Fase de maturação
A ultima fase, de amadurecimento ou remodelação, começa a partir do 21º dia e dura meses; assim, depois de 3 meses a ferida ainda não recobrou totalmente sua original resistência à tensão. O amadurecimento se torna evidente na mudança de cor que a cicatriz experimenta, passa do vermelho ao rosa e deste, ao branco nacarado.